domingo, 11 de outubro de 2015

Diálogo com o Medo.





“[Eu]
- Diga que eu não posso.
Clame aos quatro ventos as minhas limitações.
Grite que sou incapaz.
Urre meus erros.
Não importa!
Eu vou vencer!

[Medo]
- Vencer? Como?
Sois fraco, pequeno, limitado.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Pare de se enganar. De mentir para sim mesmo.
Sois igual aos outros.
Fazes parte da massa plebéia amedrontada.
Tranca tuas portas.
Apaga tuas luzes.
Sedes imperceptível.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Não me tomas por inimigo.
Não sou arquétipo.
Sou reflexo da tua insegurança.
Fruto dos teus temores.
Alimento-me dos teus pesadelos.
Acredite em mim.
Sou tua carne e teu ser.
Eu sei que não és capaz.
Recua. Desiste. Não quero que te firas.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Pares de ser teimoso.
Será que não percebes o quão insano estais sendo?
Este caminho não é para ti.
Já tens algo. Pouco, mas teu.
Não arrisca. Não avança. Não acredita em paisagens longínquas.
Vive nas limitações do que te é seguro.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Pare de romper muralhas.
As pedras desabarão sobre ti.
Pare de enfrentar oceanos.
Irás se afogar em mares revoltos.
Não te posta diante das multidões.
Serás tragado pela turba ensandecida.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Desacelera.
Vá mais devagar.
Com estes passos firmes e esta fé inabalável,
Eu não consigo caminhar ao teu lado.
Reduz a marcha.
Carrega-me em teus ombros.
Sou parte de você.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Volta!
Já estais muito distante de mim.
Eu sou teu medo.
Sou tua cria.
Não posso ser abandonado.

[Eu]
- Eu vou vencer!

[Medo]
- Volta!
Tua silhueta está desaparecendo do meu horizonte.
Como irei sobreviver sem tolher teus sonhos?
Sem turvar tua vista?
Sem dilapidar teu coração?
Volta!
Não me deixa!
Lá na frente só existe a paz e o acalanto da vitória.
Não me troque por esperanças!

- Volta. Eu sou teu medo...
Volta. Eu sou teu...
Volta. Eu sou...
Volta...”
(Geovane Moraes)

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