“[Eu]
- Diga
que eu não posso.
Clame
aos quatro ventos as minhas limitações.
Grite que
sou incapaz.
Urre
meus erros.
Não
importa!
Eu vou
vencer!
[Medo]
- Vencer?
Como?
Sois
fraco, pequeno, limitado.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Pare
de se enganar. De mentir para sim mesmo.
Sois
igual aos outros.
Fazes
parte da massa plebéia amedrontada.
Tranca
tuas portas.
Apaga
tuas luzes.
Sedes
imperceptível.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Não me
tomas por inimigo.
Não
sou arquétipo.
Sou
reflexo da tua insegurança.
Fruto
dos teus temores.
Alimento-me
dos teus pesadelos.
Acredite
em mim.
Sou
tua carne e teu ser.
Eu sei
que não és capaz.
Recua.
Desiste. Não quero que te firas.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Pares
de ser teimoso.
Será
que não percebes o quão insano estais sendo?
Este caminho
não é para ti.
Já
tens algo. Pouco, mas teu.
Não
arrisca. Não avança. Não acredita em paisagens longínquas.
Vive
nas limitações do que te é seguro.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Pare de romper muralhas.
As pedras
desabarão sobre ti.
Pare
de enfrentar oceanos.
Irás
se afogar em mares revoltos.
Não te
posta diante das multidões.
Serás
tragado pela turba ensandecida.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Desacelera.
Vá
mais devagar.
Com
estes passos firmes e esta fé inabalável,
Eu não
consigo caminhar ao teu lado.
Reduz
a marcha.
Carrega-me
em teus ombros.
Sou
parte de você.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Volta!
Já
estais muito distante de mim.
Eu sou
teu medo.
Sou
tua cria.
Não
posso ser abandonado.
[Eu]
- Eu vou
vencer!
[Medo]
- Volta!
Tua
silhueta está desaparecendo do meu horizonte.
Como
irei sobreviver sem tolher teus sonhos?
Sem
turvar tua vista?
Sem
dilapidar teu coração?
Volta!
Não me
deixa!
Lá na
frente só existe a paz e o acalanto da vitória.
Não me
troque por esperanças!
- Volta.
Eu sou teu medo...
Volta.
Eu sou teu...
Volta.
Eu sou...
Volta...”
(Geovane
Moraes)